sexta-feira, 13 de abril de 2012

Uma esperança...


Pensar as possibilidades de nos exprimirmos e criarmos suportes imaginativos ao serviço de comunidades educativas também é considerar a consistência do que sabemos ser. Vivemos durante décadas no reino que sonhava a escola como uma luta de classes, onde todos seriam excelentes, numa sociedade moralmente relacionada com um facilitismo imprudente. Perguntamo-nos muitas vezes porque não sabemos ser competitivos e audazes como sociedade se acedemos a ferramentas semelhantes e se vivemos no mesmo mundo.

Durante anos alguns pensaram que o País apenas precisava de paradigma novo, uma espécie de oráculo que no fim alguma inteligente e bem preparada classe política acabaria por perceber. Parecia simples e era apenas uma questão de paciência até termos uma oportunidade de experimentar a simplicidade de lutar pelo estudo, pelo trabalho, pelo saber fazer, pelo mérito. Neste País onde o real não se inscreve na vida quotidiana e na vida pública, o prazer do saber, o gosto pelo belo e pelo admirável acabaria por triunfar.

É triste dizê-lo. Mas o conjunto de individualidades que governa o País e em especial o actual ministro que parecia tão bem preparado para perceber que a educação é realmente o factor transformador, apenas gere uma máquina calculadora. Os desastres comunicacionais, as opções contra as pessoas e contra o território, as escolhas educativas contra áreas vitais da aprendizagem (artes, tecnologia, dimensão de turmas) mostra-nos que este paradigma de uma sociedade evoluída e esclarecida são ilusões. O valor, o saber, que podia e devia estar associado à realização de provas de exigência são um álibi para se manter a mesma falta de decência para o que significa um regime democrático.

Resta uma pergunta. O que tem isto a ver com blogues e o digital? Tudo. Nós estamos a tentar perceber como funcionam os circuitos binários da comunicação, dos media, da expressão de valores e ideias partilhadas e colaborativas, ao mesmo tempo que se apresenta um patamar de subdesenvolvimento em relação às pessoas, aos recursos humanos não valorizados e ao funcionamento de espaços sem o essencial. Ainda não sabemos ser essa ousadia da companhia solitária e atenta do livro que se descobre e pensa. 

As decisões nunca são questionadas sobre a sua própria moralidade e vivemos tanto de Democracia, como os últimos imperadores do Império Romano, guardando as colunas do passado face ao futuro que não experimentamos. As Bibliotecas Escolares e as Escolas estão prisioneiras de um País sem visão e isso também tem muito que ver com a utilização do digital. As reais possibilidades do digital nas escolas está carente de um investimento nos aspectos simbólicos e não se construirá apenas pela existência de infraestruturas tecnológicas. Aguardemos que um dia esta simplicidade seja perceptível, para que a escola seja realmente um espaço de comunicação e de transformação de possibilidades.

(Imagem, via booklover.tumblr.com)

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